Por Belarmino Mariano.
Minha filha pré-adolescente acorda cedo demais. Quando levanta da cama ainda está escuro e ela acende uma luz atrás da outra para tomar banho, se arrumar e se produzir para ir ao Colégio estudar.
Esse cotidiano lhe faz bem responsável, autônoma e preocupada com a vida futura. Eu e sua mãe cobramos muito dela, exigimos e estamos vendo seu crescimento de perto.
Na maioria das vezes a levo para a escola de motocicleta. É um momento importante, pois ela detesta chegar atrasada. Assim fazemos a nossa rotina matinal.
No caminho cruzamos com pessoas, nas portas, algumas mulheres já estão varrendo as calçadas, enquanto olham o dia amanhecer ensolarado.
Hoje não foi diferente, na rota escolar cruzamos com o caminhão do lixo, aquela caçamba compactadora que vai espremendo o lixo, enquanto o mau cheiro e a calda de chorume escorre para o calçamento.
Na parte de trás do caminhão estavam três homens fardados como trabalhadores braçais (agentes da limpeza pública), naquele serviço pesado e insalubre.
Quando cruzamos com a caçamba ela disse, "-que coisa fedorenta e podre!!" Aquilo foi a deixa, então continuei a conversa com o seguinte alerta: Tá vendo esses homens? as vezes não deram importância aos estudos, agora são obrigados ao trabalho braçal, pesado e tendo que aguentar esse fedor todos os dias.
De imediato ela retrucou, "-as vezes foi por falta de oportunidades, pobreza, aí eles não puderam estudar!" Me contive e concordei com ela, enquanto nos afastamos daquela cena com odor intenso.
De imediato lembrei dos discursos do presidente Lula sobre as oportunidades que os filhos da classe trabalhadora precisam ter para mudarem a realidade à sua volta.
Às vezes, a lição de moral vem cedo demais e até desnecessária, mas de uma coisa tive a certeza, minha garota está indo bem, na escola e na vida, pois a sua resposta foi comprometida com a compreensão da realidade em que vive.
Nem todo mundo percebe em detalhes e até certo ponto, se coloca no lugar do outro. Ela me deu uma importante lição de moral e fiquei feliz com o que ouvi logo cedo.
A minha bebezinha está virando uma mocinha e gosta de desafios argumentativos. Agora no começo de dezembro fará 13 aninhos e já luta como uma garota!!!
Por Belarmino Mariano/ Luisa Mariano
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