quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Juntando os Cacos

Por Belarmino Mariano*

Isso é apenas memória ruim de passado distante. Lembranças de um raio de luz em um olho 
roxo violeta, explicava a tatuagem de violência no rosto daquela mulher. 

Em seu espírito lilás, exaltava raios violetas e a flor da vida em tons ultravioleta. Enquanto homens brutos praticavam violência, ultra violência até deixar o lençol da cama todo ensanguentado.

Nos escombros de tua poesia crua, restos de tapera, sem portas e janelas. Casebre abandonado à beira da estrada de chão batido. Ali uma tragédia aconteceu e agora em noites de lua cheia é uma tapera assombrada. 

Ruinas da Morada do rio das pedras, nos quintos das secas do Sertão. A morada do velho Argemiro, Maria Eudocia e seus 13 filhos. Agora é lugar nenhum, lembranças perdidas, nas bandas de Angicos, nas gargantas do Velho Chico.

Nas carcaças de tua poesia fúnebre a cabeça de uma vaca enfiada na estaca da porteira do velho curral, assusta a seca e as ventanias de noites de lua cheia.

No oitão da casa em escombros, um Juazeiro velho faz sombra e aninha casacas de couro e outros pássaros do Sertão. Na baixada do rio das pedras não resta mais nada. 

Apenas as ferragens das engrenagens da tua poesia do abandono, as moendas e prensas em profunda oxidação, presas pela entropia, testemunham o fogo morto desse velho engenho de cana-de-açúcar que era fabrica de rapadura aguardente.

Os Netos escutam as histórias de felicidades e de tristezas, onde homens brutos construiram e destruíram suas vidas e amaldiçoaram aquele lugar para a eternidade.

*Por Belarmino Mariano, imagens das redes sociais.

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