Por Belarmino Mariano. Quando se completa os 60 anos, a gente começa a perceber que a bateria de exames indica uma queda nos índices analisados pela comissão julgadora do desfile, as notas 10 já não são atingidas com facilidade.
Como alertam os amigos e compadres Cleoma M Toscano Henriques e Alexandre Moca , a gente começa a ver a Escola entrando na zona do rebaixamento ou ocupando os mais distantes lugares na disputa dos estandartes de ouro, prata ou bronze.
Então o jeito é caminhar, se exercitar por obrigação, retirar do cardápio e do prato, delícias como doces, massas, gorduras, salgados e bebidas.
Agora observo as conversas dos velhos amigos enquanto caminho ou paro para alongamentos improvisados.
Hoje encontrei um companheiro cadeirante com diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica e lembramos que mais jovem, ele conseguia fazer um monte de manobras, mas agora se contenta em poder sair para uns banhos de sol e ainda conseguir não depender de familiares para as suas necessidades básicas.
Do nada entramos nesses papos de Deus, igrejas, padres e pastores. "- Acredito em Deus, mas parece que o dinheiro tomou conta do sistema de fé, muita mentira e teatro nos púlpitos das igrejas!"
O amigo contou que sempre vai a igreja rezar e como católico, observa também os outros cultos e, pela sua limitação física, vez ou outra, aparecem os irmãos e pastores querendo que ele visite as igrejas dos irmãos.
"- Na época da pandemia estiveram lá em casa, alertavam sobre os perigos da vacina, mas dei uma de doido, sabe o João sem braços dos postos de gasolina. Imagina, eu, todo cheio de minhas atrofias, já me sentindo um jacaré cadeirante, se iria dar sorte para o azar? Quando chegou a vacina, fui o primeiro da fila, todas as doses em meus braços finos e estou aqui!"
Ele me disse que, por educação sempre manteve a guarda baixa e até ouviu histórias que servem de reflexão. Como o caso do pastor com câncer no intestino.
A ladainha era constante, jesus vai me curar, o poder da rosa sagrada de Deus vai interceder em minha doença.
Depois de todas as orações e rezas, veio o tratamento pesado à base de quimioterapia, tratamento em hospital público e pelo SUS, além de gastos extras que levaram um total de mais de 30 mil reais e já era tarde demais.
Mas a resignação, a negação da ciência e das vacinas, se resumiram na ideia de que foi a vontade de Deus, a gente não conhece os verdadeiros propósitos de Deus. Sério?
Vida que segue, nos despedimos, estamos preferindo seguir as orientações medicamentosas, crédito em Deus, porém fazendo a nossa parte, vacina nos braços, reposição de vitaminas e minerais, tchau para os açúcares industriais, gorduras e massas, caminhada, banho de sol e um bom papo, talvez não nos coloque mais nos primeiros lugares dos desfiles espalhafatosos da bela vida, mas continuamos na pista, até quando Deus quiser, disse o amigo do alto de sua cadeira elétrica.
Saúde e paz!
Belarmino Mariano, imagem do autor e das redes sociais.
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