terça-feira, 22 de abril de 2025

Quais são os motivos para os Judeus não acreditarem em Jesus Cristo?

Por Belarmino Mariano*

Vendo pastores e políticos de extrema direita atacando o Papa Francisco, mesmo depois de sua morte, percebemos o quanto as pessoas estão presas a um ciclo de mentiras e ódio contra as pessoas que apoiam e lutam pelos ensinamentos básicos de Jesus Cristo, como amor ao próximo, compaixão e comunhão com humildade. Tudo o que Jesus pregava e ensinava em seu tempo era o que o Papa Francisco seguia de maneira simples e dedicada. 

Mas muitos cristãos, sem explicação racional ou lógica, passaram a atacar o Papa, o tachando de esquerdista ou comunista. Esses mesmos cristãos que atacam o Papa apoiam o Genocídio na Faixa de Gaza e usam bandeira de Israel, como se fossem Judeus convictos. 

Grupos de Extrema Direita no Brasil, criaram um movimento em que, onde estão, existem bandeiras de Israel, Estados Unidos e Brasil e todos falam em patriotismo. Quando o Papa Francisco condenou o genocídio dos sionistas contra os Palestinos, até mesmo católicos de extrema direita, passaram a criticar o Papa, ai ponto de tratalo como o próprio anticristo. 

Aqui apresento alguns argumentos bíblicos, com os quais os Judeus não reconhecem Jesus Cristo como Messias e nem o cristianismo como uma religião séria. Para que não confundam judaísmo como se fosse cristianismo e virse versa:

1) O Messias - segundo o Velho Testamento, para os Judeus, a chegada do Messias, seria um líder político e militar da casa do Rei Davi que libertaria Israel do domínio estrangeiro. Um líder poderoso e carismático que expulsaria os estrangeiros de Israel e traria a paz e a glória para seu povo. 

Longe disso, Jesus era um simples filho de carpinteiro que pregava amor, perdão e humildade, que não desafiou o domínio romano e que pregou a ideia de dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Logo, para os judeus da época, Jesus não era o esperado Messias, então o consideram um falsário.

2) Conflito Teológico - Por mais que Jesus tenha nascido e vivido no Oriente Médio, berço do judaísmo e de dezenas de outras etnias e crenças religiosas, quando Jesus prega sua fé em Deus, deixa dúvidas que são inaceitáveis para os judeus. Uma delas diz respeito à ideia da Trindade em Deus (Pai, Filho e Espírito Santo), em que, disse Jesus: " Em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou". Depois o próprio Jesus assumiu ser "Eu e Deus um só". (João 8:58-59; 10:30).

Para os judeus Deus é incorpório, eterno e infinito (além do tempo e espaço), não nasce ou morre, Deus era único, todo poderoso e indivisível e não é feito de matéria como os humanos. Logo, Jesus ao se comparar a Deus e depois ser morto pelos seus inimigos, era um blasfemador da teologia central da fé judaica.

3) O Amor exclusivo de Deus - Jesus afirmava que o amor de Deus era para todos e, todos eram filhos de Deus e, seus ensinamentos deveriam ser levados para todas as nações, inclusive aos pecadores e incrédulos, pois era mais fácil um pobre entrar no Reino de Deus, do que um rico passar pelo buraco de uma agulha.

Para os Judeus isso feria a sua fé, no único Deus de Abraão que recompensava os fiéis, puros e sem pecado e, castigava os pecadores e infiéis. Jesus pregava a humildade, a compaixão e a obediência a Deus, mas a expectativa dos judeus era por um Messias forte e poderoso que lideraria uma revolta armada contra os romanos até libertar seu povo dessa dominação. Logo, Jesus não era o Messias esperado.

4) A Morte de Jesus - De acordo com a Tora, "Deus não é um mortal". Logo, a crucificação e morte de Jesus foi uma prova de que ele não era o Messias e nem tão pouco o filho de Deus como alegava ser. Todos os sacerdotes, fariseus e escribas judeus passaram a pregar a total descrença em Jesus, dizendo se tratar de um falso Messias.

5) Jesus pregava para os marginalizados, excluídos e pecadores das classes baixas. Esse ideia de igualdade, amor , compaixão e inclusão ao Reino de Deus, ameaçava as elites dominantes e forças religiosas israelitas.

Jesus falava em parábolas, linguagem de fácil entendimento, realizava curas, ficava entre leprosos, doentes e marginalizados. Pregava a comunhão e a partilha dos alimentos e ganhava adeptos por onde passava, em meio a um mundo caótico e em guerra, entre grupos zelotas e soldados romanos. Logo esse Jesus que se tornou símbolo e base das religiões cristãs, nunca foi aceito pelo judaísmo, portanto é falsa e ideia repassada por alguns pastores e até padres, de existir um judaísmo que reconhece Jesus como o filho de Deus.

Outra grande questão para cristãos desavisados. Foram os próprios judeus (sacerdotes, escribas e fariseus), que pediram a prisão, julgamento e condenação de Jesus à crucificação e, em nenhum momento, ao longo de 2025 anos, demonstraram algum arrependimento e reconhecimento desse crime político e religioso.

Para concluí essa pequena reflexão. Jesus descumpre as normas, as regras, portanto as leis israelitas. Como afirmou Padre Júlio Lancellotti sobre uma mulher que seria apedrejada por adultério, segundo as leis de Moisés. Jesus afirmou que aquele que não tivesse pecado que atirasse a primeira pedra. Imaginem a cara daqueles homens machistas sedentos em apredejar a mulher. 

O último argumento é no sentido em que os judeus não consideram o Novo Testamento um livro Sagrado, pous se Jesus não é um Messias, não existiu uma nava aliança, um novo testemunho diante de Deus. Para eles, tentar aproximar ou misturar os livros sagrados do judaísmo é um crime imperdoável. Isso é o que os próprios cristãos precisam entender.

Agora imagine se tivéssemos adotado tudo o que Jesus Cristo pregava? Certamente viveríamos em um mundo de amor, paz, alegria e compaixão. Nada de guerras, pobreza ou fome. Nada de violência contra mulheres e contra os irmãos estrangeiros. Esse Jesus Cristo nunca interessou as elites dominantes. E, quando o império romano já não controlava mais o pensamento e ideias de Jesus Cristo, então, resolveram oficializar uma religião, na qual Jesus era apenas uma figura, quase mítica e tudo em Jesus passou a ser apenas ideal, deixando de ser prática cotidiana. Todos os tipos de crimes e poderes em nome de Cristo, dogmas e doutrinas, passaram a fazer parte de um cristianismo cada vez mais descaracterizado e de cima para baixo, impôs um cristianismo sem o seu verdadeiro papel de defensor os fracos e oprimidos.

Se o Papa Francisco fosse conservador, extremista de direita e realizasse um trabalho de submissão da Igreja Católica as elites dominantes e a governos injustos como o de Israel, certamente estaria sendo homenageado em vida e em morte. Outra verdade que dói e muitos não sabem. Cristãos não sem bem vindos na "Terra Santa". Se judeus encontrarem pessoas com crucifixo ou bíblia do Novo Testamento em Jerusalém, são escorraçados, com chingamento, cuspe e pontapés.

Mas nada disso muda a realidade. Pois vemos os padres e pastores progressistas e comprometidos com os verdadeiros ensinamentos de Jesus, sendo perseguidos e tachados de comunistas pelos próprios cristãos. Provavelmente, se Jesus voltasse e desse continuidade a sua missão de amor ao próximo, comunhão e compaixão, também seria tachado de esquerdista e na sua morte, certamente apareceriam aqueles para dizer que a sua morte foi uma limpeza espiritual, como afirmou uma vereadora Bolsonarista no Rio Grande do Sul depois da morte do Papa Francisco.

*Por Belarmino Mariano. Imagens das redes sociais.

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