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Cabaré das Mangueiras não era e, nunca foi, o letreiro principal em destaque na sua fachada.
O nome oficial do peixe vendido por Lília era Dallas Motel - escrito em letras grandes, fonte areal, com formato itálico, acrescido de singelo sombreamento, comum em equipamentos desse gênero nos beiços das estradas.
Eclético, a área de lazer e entretenimento masculino, contava com atração feminina de livre escolha; quartos equipados - adaptados para relaxamento das tenções; serviço de bar completo com música ambientada; pousada multiuso e outros atrativos conforme imaginação do cliente.
Um espaço que ainda está no subconsciente da população de Cajazeiras.
Suas lembranças foram regadas até aqui e, o seu crescimento popular entre todos, se tornaram evidentes, através das histórias vividas e, outras, através da oralidade de quem viveu certa vez, o dia a dia desse local.
Hoje, sua imagem nos remete ao passado, já que as suas ruinas é o que espelha no memento, a razão do que foi e sua função, que perdeu paulatinamente, seus espaços preciosos para as redes sociais, depois do avento da Internet e os aplicativos para smartphones.
Agora não é mais ponto fixo ou via Sedex, é telepaticamente virtual.
Lembro muito bem, que certa vez a convite de amigos, meu pai foi uma pescaria em um açude que ficava nas imediações dessas instalações e, me levou junto com ele.
Nem eu, nem ele, sabia que para chegar no local da pescaria teria que passa ao lado da estalagem de Lilia.
Em direção a pescaria, quando íamos passando de lado desse mundo de prazer e amor, um gaiato do grupo sugeriu que parasse no local para tomar uma cervejinha.
A tenção já foi logo se apoderando de mim.
Meu pai tentou evitar essa parada, mas a maioria como sempre, é sempre a vencedora.
Paramos no lugar, apoderamos de duas mesas conjugadas.
Logo um grupo de mulheres prestativas e educadas vieram a nós para nos atender
Depois de umas três cervejas, começou o atiramento de alguns do grupo e, as meninas com suas cordialidades naturais de sempre, reciprocamente, deram seus ares das graças, começaram a fazer colo nas coxas de todos que estavam naquela mesa.
Para mim um adolescente, tudo aquilo era estranho e novidade, até que uma veio e sentou no colo de meu pai e começou brincar com meu pai fazendo cafuné na cabeça dela e dando alguns beijos no rosto.
Vige maria, eu saí de perto cheio de remoço e com a consciência pesada
Meu pai ficou encabulado e, aí, a moça deixou o seu colo.
Daí veio a piada: Zé, tu também... para onde vai tem que trazer esse teu filho!
Meu pai: E eu lá sabia que ia passar no Cabaré de Lilia!
Logo em seguida desfizeram a mesa, pagaram as despesas e, seguimos direto para a tal pecaria.
*cleudimarferreira. Foto: Celismar Alves.