Depois da caminhada matinal, tirei o tênis, calcei uma sandália e fui varrer as flores da tamarineira da esquina de minha casa.
Confesso que na esquina de um cruzamento e como é encruzilhada, vez ou outra aparece um despacho na área. Até um pé de pimenta malagueta já nasceu próximo a um muro do local.
Em baixo do pé da tamarindo meu vizinho Alvaro Henriques De Lucena Henriques colocou uns banquinhos de cimento para descanso e os moto táxi, usam o local como ponto.
Do nada, quase por encantamento, me chegou o Preto Velho, com um "cigarro pé de burro" acesso e sentou no banquinho, enquanto me cumprimentava. - "Bom dia, tá escutando o quê, nesse fone?".
Lhe respondi que estava escutando Cantoria, com Elomar, Xangai, Geraldo Azevedo e Vital Farias. Ele balançou a cabeça de aprovação.
Como interação lhe disse que o fumo parecia bom, pois era cheiroso e que lembrei do meu pai, pois gostava do "pé de burro" e ele misturava com zabumba para aliviar a asma.
Ele levantou e disse, vou lá no Gordo, tomar uma lapada de cachaça e comer um tira gosto. Disse até logo e desceu a rua na direção de Esteildo, que fica a uns 200 metros daqui.
Parei o que estava fazendo e fiquei observando o velho e o seu caminhar em quase uma levitação. O cheiro de fumo, vinha a favor do vento e me tornei um fumante passivo, enquanto memórias do meu velho pai e o seu cigarro, tomaram conta de mim.
Que vida essa da gente, como coisas miúdas podem tomar conta dos nossos sentidos. Misteriosa vida que chega e sai, quando a gente menos espera. Apenas marejei os olhos, enquanto soluços e lágrimas escorreram em minhas faces envelhecidas.
Por Belarmino Mariano. Imagem das redes.
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